Perigo

Deslizamento atinge casas e deixa moradores desabrigados em Niterói

Cerca de 15 imóveis foram atingidos por escombros

 

Ao menos três famílias tiveram suas casas derrubadas após um deslizamento de terra no Morro da Igrejinha, no Largo da Batalha, região de Pendotiba, em Niterói, na madrugada desta sexta-feira (6).

Segundo moradores, aproximadamente 15 imóveis foram atingidos por escombros. A Defesa Civil Municipal não confirmou feridos. Vídeo gravado por uma testemunha mostra destroços envoltos na lama. Há diversas pessoas desabrigadas.

Uma das residências que vieram abaixo é do casal Valdinete da Silva, de 48 anos, e Ilson Cardoso, de 53. Eles moravam no local junto com os três filhos pequenos e por sorte não foram atingidos.

"Minha casa caiu, eu perdi tudo, estou desabrigada e estou na rua, na chuva [...] Eu perdi minha casa, gente. Olha só isso, que absurdo. Eu perdi minha casa, perdi minhas coisas, perdi tudo. O que eu vou fazer da minha vida, gente? Pelo amor de Deus! Cadê a minha casa?", lamentou Valdinete. 

Quem puder ajudar as vítimas, pode entrar em contato pelos números: 21 97960-6288 // 21 97003-6495 ou 21 99039-1583

A Defesa Civil de Niterói disse que está com todo o seu efetivo na rua, atuando em cerca de 21 ocorrências em toda a cidade. Equipes da Defesa Civil e da Secretaria de Assistência Social estão se deslocando para o Morro da Igrejinha, conforme garantiu a prefeitura.

O vizinho Wilian Pereira, de 31 anos, reforçou que há diversas pessoas desabrigadas ao longo da Estrada General Castro Guimarães. E pediu apoio da prefeitura de Niterói.

"Sou vizinho deles, estou prestando apoio. Tem muitas famílias desabrigadas, esperando a chegada da Defesa Civil. Vai fazer 20 anos que eles moram aqui e do nada veem tudo indo embora. O pedido deles é que a prefeitura venha prestar apoio, porque eles não têm para onde ir", disse.

Rua costuma alagar sempre que chove
Rua costuma alagar sempre que chove |  Foto: Lucas Alvarenga
  

Moradores da região perto da rua Leonor da Glória, ainda no Largo da Batalha, relatam que quando há temporal, a via, que é principal, precisa ser fechada. 

A técnica de enfermagem Edilza Diniz Oliveira, de 66 anos, conta que desde esta quinta-feira (5) a rua está completamente alagada. Ela chama o local de piscininha. “Umas três pessoas já se mudaram daqui, inclusive a minha prima, porque inunda tudo, não aguentaram e saíram”, disse

Para ela, falta manutenção da prefeitura de Niterói para que a situação melhore. “Tem morador que tem que colocar tijolo em frente à porta quando chove. Junta moradores para limpar boleiro. Eles fazem mutirão e limpam. A prefeitura acaba sendo os moradores que ficam lá limpando”. 

Estágio de atenção

A cidade está em estágio de atenção desde a tarde de quarta-feira (4), devido a aproximação de uma frente fria que trouxe núcleos de chuva forte para o município nos últimos três dias.

Em 24 horas, conforme a Defesa Civil choveu cerca de 85% do previsto para o mês inteiro. As regiões de Itaipu, Engenho do Mato, Maceió, Santa Bárbara e Morro do Bumba registraram os maiores acumulados pluviométricos. 

Até o momento, nenhuma sirene precisou ser acionada e não houve registros de feridos, pontuou a prefeitura. Em caso de emergência, a população deve ligar para o 199 ou 2620-0199.  

Cerca de 1,2 mil agentes da Prefeitura, entre Defesa Civil, Companhia de Limpeza de Niterói (Clin), Secretarias de Conservação e Serviços Públicos, e de Assistência Social, Nittrans e Administração Regional da Região Oceânica, estão atuando nas ruas de Niterói desde a madrugada.

Operadores da NitTrans estão nas ruas, com aumento de efetivo, orientando motoristas. Equipes da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (Seconser) e a Companhia de Limpeza de Niterói (Clin) estão atuando desde a noite de ontem nos serviços emergenciais de retirada de árvores, limpeza de ralos, caixas de passagem e ruas.

Também há caminhões Vac All – equipamentos de aspiração com alto poder de sucção – percorrendo trechos da cidade. O veículo é usado em pontos de alagamento para agilizar o escoamento da água. No momento, esse trabalho se concentra em Charitas. 

A Defesa Civil pede que a população acompanhe os canais de comunicação da Prefeitura de Niterói. O Município conta com plantão 24h de monitoramento meteorológico, com envio detalhado de informações sobre a previsão do tempo e de avisos através do aplicativo Alerta DCNIT, SMS (40199) e grupos no WhatsApp. O Twitter está sendo atualizado com boletins das chuvas. 

PREVISÃO DO TEMPO

De acordo com o Centro de Monitoramento e Operações da Defesa Civil de Niterói, núcleos de chuva fraca atuam na cidade de Niterói neste momento. Permanece a previsão de chuva fraca a moderada ao longo desta sexta-feira (6). 

PREVENÇÃO

A Defesa Civil de Niterói orienta que, em caso de estágio de Atenção, Alerta ou Alerta Máximo, a população evite transitar em áreas alagadas e próximas a córregos, canais e rios sujeitos a transbordamentos. Além disso:

- Os moradores de áreas de riscos devem ficar atentos para indícios de ameaças de deslizamentos e preparados para se deslocarem para locais seguros.

- As pessoas que estiverem em locais seguros devem permanecer nestes locais até o aviso de chuva intensa cessar.

- Em casos de ventos fortes e/ou chuvas com descargas elétricas, evite ficar próximo a árvores, redes de distribuição de energia elétrica, toldos, tapumes ou em áreas descampadas.

São Gonçalo

São Gonçalo também sofreu com alagamentos nesta sexta (6)
São Gonçalo também sofreu com alagamentos nesta sexta (6) |  Foto: Lucas Alvarenga
  

A situação também não foi diferente na cidade de São Gonçalo. Segundo a cabeleireira Rayani Cândido, de 30 anos, a situação no bairro Maria Rita não é novidade. Há mais de doze anos, ela vê o local onde mora enchendo de água quando chove e que quando alaga, fica quase impossível sair de casa. 

“Eu moro em uma vila aqui perto que a água vai até a cintura, sempre costuma encher. Lá tem um valão, e quando ele transborda, alaga tudo. Quando não dá pra passar não venho trabalhar”, disse.

Segundo a moradora, a prefeitura costuma fazer limpeza no valão. Inclusive, a última foi na terça-feira (3). Mas, apesar dos esforços, ela não vê melhora. A situação é parecida na Travessa Mendonça, no mesmo bairro.  

A Prefeitura de São Gonçalo informou que, até o final da tarde desta sexta, não houve a necessidade de acionamento de sirenes, pois não foram atingidos os limites estabelecidos para acionamento do equipamento. Segundo o governo, os agentes estão trabalhando em conjunto com o Corpo de Bombeiros verificando as áreas mais suscetíveis no município, e a Defesa Civil permanece monitorando os radares e os pluviômetros e com equipe para pronto atendimento funcionando 24 horas.

De acordo com Prefeitura de São Gonçalo, foram registrados nesta sexta deslizamento no bairro Rio do Ouro, queda de muro no Mutondo e no Porto da Madama, queda de rocha no Engenho Pequeno e queda de talude em Tribobó. Também houve registro de alagamento no bairro Jardim Catarina.  Todas as ocorrências sem vítimas. 

Além disso, parte de uma casa desabou na Rua Antônio Pedro, no bairro Porto da Madama. Não havia nenhum morador na residência no momento do acidente. O local foi interditado, e a Enel foi chamada para reparos na fiação danificada. A Secretaria de Conservação foi acionada para a retirada de entulhos. A Subsecretaria de Defesa Civil encaminhou os moradores a atendimento pela Secretaria de Assistência Social.

Maricá

Maricá entrou em estágio de atenção às 8h15 desta sexta-feira (6) por causa do volume de chuvas registrado nas últimas 24 horas e da previsão de mais precipitações nas próximas horas.

Equipes da Defesa Civil foram acionadas, entre a madrugada e manhã desta sexta, para dez ocorrências, entre alagamentos, queda de árvore e de muro, nos bairros São José de Imbassaí, Vale da Figueira, Caxito, Inoã, Araçatiba, Itaipuaçu, Itapeba e Ponta Negra.

Os agentes também foram acionados para ocorrência de escorregamento de encosta em uma residência, que já estava interditada e sem moradores, em Araçatiba. Equipes da autarquia Serviços de Obras de Maricá (Somar) e da Defesa Civil estão nas ruas para atendimento dos chamados da população e não houve, até o momento, registro de pessoas feridas, desabrigadas ou desalojadas.

Os maiores acumulados de chuva, nas últimas 24 horas, foram em Itaipuaçu (71,98 milímetros), Itapeba (69,26mm) e Ponta Negra (63,91mm). A Defesa Civil pode ser acionada pelos telefones 199, 2637-1999 ou pelo WhatsApp (21) 97000-5782.

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